terça-feira, 31 de janeiro de 2012

"O Pensador" de Rodin e a questão da técnica moderna em Heidegger



«O Pensador, de Rodin, é seguramente uma das estátuas mais famosas que se conhece em toda a história da Escultura, tendo-se transformado num verdadeiro ícone da imagem do Filósofo.
Esta escultura paradigmática é o símbolo mais sugestivo da figura humana, carregada de sincera preocupação, e de profunda reflexão sobre o seu destino e sobre o destino da Humanidade, questões presentes em toda a obra heideggeriana.
O Pensador é, para Rodin, a sua peculiar visão de Dante que medita ante o horrendo da vida. Segundo as palavras do próprio escultor: “o destino da minha obra também não me inquieta; nada de ruim pode vir dela para mim. Quem a tenha compreendido se libertará da miséria que arrasta os homens”.
Esta obra, assim o entendemos, seria, para Heidegger, a exemplificação perfeita do pensar meditante, em contraponto com o pensar calculante, que a técnica moderna instituiu em seu detrimento.
Digamos que, para o filósofo, se trata de pensar aquilo que hoje é, aquilo que hoje toca, ameaça e oprime a nossa existência: «a civilização em si tem por finalidade cultivar, desenvolver e proteger o ser-homem do homem, a sua humanidade. È aqui que se situa a muito debatida questão: será que a cultura técnica – e, por conseguinte, a própria técnica/tecnologia – contribui em geral, e se sim em que sentido, para a cultura humana, ou arruína-a e ameaça-a?».
Há reivindicações, mas o silêncio predomina: e «o silêncio traduz muito mais o facto de que face à reivindicação do poder pela técnica o homem se vê reduzido à perplexidade e à impotência, à necessidade de se conformar, pura e simplesmente, ao carácter irresistível da dominação tecnológica.» (M. Heidegger, "Língua de Tradição e Língua Técnica").»



Isabel Rosete

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